Nos 50 anos do 25 de Abril de 1974
Decorre, no presente ano e no presente mês, mais um aniversário do Golpe de Estado/Revolução de 25 de Abril de 1974. Enquanto historiador (professor da FLUC e investigador do CEIS20/UC) e enquanto cidadão, penso que se trata de uma excelente oportunidade para reflectir acerca de várias questões muito relevantes sobre o passado e acerca do presente/do futuro. Destacaria o significado de categorias como as de democracia e direitos humanos, multilateralismo e organizações internacionais/processos de integração sub-continental, keynesianismo e globalização regulada, recuperação dos equilíbrios ambientais e poupança de recursos naturais não renováveis, desenvolvimento e combate às desigualdades extremas, universalismo/multiculturalidade e combate às modalidades de discriminação.
Salientaria, também, a relevância de categorias alternativas ou opostas, hoje, de novo, com elevada capacidade de atracção. Refiro, nomeadamente, os conceitos de Governo populista e autoritário ou de ditadura (autoritária e/ou totalitária); nacionalismo, unilateralismo e relacionamentos bilaterais assimétricos; monetarismo ou corporativismo ou colectivismo e globalização neo-liberal ou proteccionismo; delapidação dos equilíbrios ambientais e dos recursos naturais não renováveis; crescimento económico ou regresso a passados mitificados; reprodução de formas de desigualdade e de modalidades de discriminação; recusa da multiculturalidade e identitarismos.
Na qualidade de historiador, defendo que a função da historiografia e das outras ciências sociais é a de propor reconstituições e análises, tão objectivantes quanto possível, nomeadamente sobre as transformações e permanências ocorridas entre Abril de 1974 e Abril de 1976 ou Janeiro de 1986 — incluindo o 28 de Setembro de 1974, o 11 de Março de 1975, as Eleições para a Assembleia Constituinte de 25 de Abril de 1975, o 25 de Novembro de 1975, a aprovação da Constituição da República Portuguesa a 2 de Abril de 1976, as primeiras Eleições para a Assembleia da República de 25 de Abril de 1976 —; acerca da Primeira República; sobre a Ditadura Militar e o Estado Novo; acerca da independência da maioria dos até então Territórios Não Autónomos; sobre os contextos globais da “Época do Fascismo” e da Guerra Fria.
Ponta Grossa (PR, BR), 19 de Abril de 2024
João Paulo Avelãs Nunes
(SH/DHEEAA/FL/UC e CEIS20/UC)