Manuais escolares: perspetivas históricas nacionais e globais
Nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 2023 no Auditório da FEUC e na Sala Keynes, terá lugar a I Conferência Internacional Manuais Escolares: perspetivas históricas nacionais e globais.
É organizada pelo Centro de Estudos Interdisciplinares | CEIS20 da Universidade de Coimbra e a Rede História das Pedagogias, Patrimónios Culturais e Materiais Didáticos em Língua Portuguesa.
Consulte o website dedicado à Conferência.
Keynote Speakers
Eckhardt Fuchs é Diretor do Leibniz Institute for Educational Media | Georg Eckert Institute e professor de História da Educação/Educação Comparada na Technical University Braunschweig. Trabalhou como historiador em numerosas instituições académicas e foi professor visitante em Sydney, Umeå, Tóquio e Seul. As suas áreas de investigação incluem a história da educação na contemporaneidade, as políticas educativas internacionais, assim como a história dos manuais escolares.
Publicou uma dezena de livros e mais de uma centena de artigos estas temáticas. É, desde 2018, um dos responsáveis pela coleção The Palgrave Handbook of Textbook Studies. Foi presidente da International Standing Conference for the History of Education (ISCHE) de 2012 a 2015.
Peter Gautschi, doutorado em Filosofia, é Professor de Educação Histórica na University of Teacher Education Lucerne, Suíça, onde é também Diretor do Lucerne Institute for History Education and Memory Cultures. A sua investigação tem-se centrado na educação histórica, na história pública e no desenvolvimento dos currículos e produção de manuais escolares.
Peter Gautschi desenvolveu inúmeros recursos educativos, enquanto líder de projetos e como autor, e as suas publicações têm sido traduzidas para um grande número de idiomas. É editor de séries didáticas e revistas de História e membro de conselhos consultivos científicos na Suíça, na Áustria e na Alemanha.
Nurit Peled-Elhanan é professora emérita de Educação Linguística, Semiótica Social e Multimodalidade na Hebrew University e no David Yellin Academic College, em Jerusalém, Israel. Estudou diversos aspetos dos discursos educativos israelitas e publicou, editou e escreveu vários livros e múltiplos artigos sobre os discursos adotados em contexto de sala de aula, o desenvolvimento da linguagem oral e escrita nas escolas e o racismo em Israel e nos manuais escolares israelitas. É autora de Palestine in Israeli school books. Ideology and propaganda in education (London: I.B. Tauris, London, 2012). A sua próxima obra, Holocaust Education and the Semiotics of Othering in Israeli Schoolbooks, será lançada pela Common Ground Publishers, nos Estados Unidos. A Professora Peled-Elhanan recebeu vários prémios pelo trabalho desenvolvido, sendo de destacar o Prémio Sakharov para os Direitos Humanos e a Liberdade de Pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu. Foi uma das promotoras, entre 2009 e 2014, do Russell Tribunal on Palestine.
Chamada de participação
Suporte de um conjunto de saberes considerado de necessária apreensão pelos mais jovens, por parte do poder político e da sociedade civil, os manuais escolares são um dos objetos mais identificáveis e definidores do processo de ensino-aprendizagem (Sherman et al., 2016; Hadar, 2017). Veja-se que, mesmo perante as mutações tecnológicas que constituem as primícias do nosso tempo, e até durante os momentos mais pedagogicamente complexos da pandemia, este meio se manteve como referência do ensino. Com efeito, acompanhando o curso histórico dos regimes políticos, as suas transformações económicas e sociais, assim como as visões culturais e mentais, sob um pano de fundo quase sempre marcado pelas ideologias dominantes, os manuais têm formado e procurado reform(ul)ar. Importa, pois, ter presente que, desde há muito, que o manual se constituiu como objeto de estudo. Nos últimos anos verificou-se mesmo uma multiplicação das análises levadas a cabo, tendo-se assistido a uma proliferação de estudos que põem a tónica em abordagens comparativas nacionais e transnacionais, que observam as representações sociais (mulher, homem, criança, sociedade, o Outro, etc.) e a construção de identidades múltiplas (sociais, políticas, culturais).
Os manuais, nomeadamente os das disciplinas de História e Geografia, são um meio de divulgação em série dos “discursos” e das “imagens” oficialmente aprovadas e, ao mesmo tempo, espelhos das controvérsias societais em torno de questões sensíveis (Klerides 2010; Macgilchrist 2015). Misturam e combinam miríades de fios discursivos, que os ligam a um ambiente social mais vasto (Binnenkade, 2015). Situados na fronteira entre política, história, pedagogia e didática, refletem exigências curriculares, assim como padrões científicos e pedagógicos. Respondem às exigências da sociedade e dos debates políticos (Christophe, 2019).
Atualmente, organismos governamentais nacionais e internacionais, ONGs, e instituições académicas e pedagógicas, estão envolvidos em projetos que observam práticas de inculcação e de perpetuação da memória através destas lentes analíticas, não deixando de ter presente a questão do eurocentrismo e da necessária descolonização de alguns pontos de vista.
Neste sentido, esta conferência pretende revisitar o tema dos manuais escolares, em estreita ligação com as suas visões do mundo, os seus autores e, evidentemente, os destinatários. Assim, convida-se à submissão de trabalhos que integrem as seguintes perspetivas:
▪ Manuais escolares – discurso, poder e produção
▪ A publicação de manuais – desafios, regulação e mercado
▪ Os manuais escolares – práticas inovadoras e literacia digital
▪ Os manuais escolares e a(s) problemática(s) da(s) identidade(s) e da Alteridade(s)
▪ Os manuais escolares – eurocentrismo, nacionalismo e racismo
▪ Os manuais escolares perante e sob as ditaduras
▪ Os manuais escolares em democracia e a análise da democracia nos manuais escolares
▪ Os manuais escolares e o património local
▪ Os manuais escolares – guerra, violência e educação para a paz
▪ Os manuais escolares e os lugares de (des)memória
▪ Os manuais escolares – questão e temas religiosos
Datas Importantes
- Data-limite para a submissão de propostas de comunicações: 30/06/2023 [atualizado]
- Divulgação da aceitação de propostas: 22/07/2023
- Divulgação do programa (preliminar): 15/09/2023
- Divulgação do programa (definitivo): 02/10/2023
Critérios para a submissão
As propostas, sob a forma de resumo, entre 250 a 300 palavras, em português, inglês, francês ou espanhol, acompanhadas por um título, três palavras-chave, uma breve nota biográfica (até 100 palavras), respetiva filiação institucional e contactos do/a autor/a ou autores (e-mail e telefone), deverão ser enviadas para o endereço coloquiomanuaisescolares@uc.pt.
Contactos
Para qualquer questão, contacte-nos, por favor, através do e-mail coloquiomanuaisescolares@uc.pt. Obrigado!