Estudo da FMUC propõe abordagem alternativa para o tratamento de esclerose múltipla pediátrica
Um estudo conduzido por Filipe Palavra, investigador e docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, concluiu que o medicamento Natalizumab (Tysabri®) pode ser uma abordagem “mais assertiva e eficaz” no tratamento de esclerose múltipla pediátrica. O trabalho – apresentado este mês no Congresso do Comité Europeu de Tratamento e Investigação em Esclerose Múltipla (ECTRIMS, na sigla original, em língua inglesa) – abre novas perspetivas no tratamento das crianças e adolescentes que sofrem da doença neurodegenerativa.
“Chegámos à conclusão de que, embora não tenha indicação formal para ser usado em crianças e adolescentes, o Natalizumab é também muito eficaz no controlo da doença em idade pediátrica, sem que haja um aumento dos efeitos adversos”, explica Filipe Palavra. O resultado do estudo TyPed (Tysabri® for the Treatment of Pediatric Multiple Sclerosis) é particularmente significativo tendo em conta que, embora cinco a dez por cento dos casos de esclerose múltipla comecem a revelar sintomas ainda em idade pediátrica, não são abundantes as estratégias de tratamento existentes para crianças e adolescentes – “o tratamento clássico, injetável (subcutâneo ou intramuscular), transforma-se em algo complexo para uma população tão suscetível como a pediátrica”, refere o docente da FMUC e neurologista pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
“Se no início da doença utilizarmos um tratamento assertivo, com eficácia considerável e sem grandes efeitos adversos associados, isso pode ter um impacto importante na capacidade funcional destas crianças e adolescentes a longo prazo”, aponta Filipe Palavra. No futuro, o docente e estudante de doutoramento da FMUC pretende continuar a investigação – por agora, em modelos animais – para encontrar outros medicamentos que permitam potenciar o processo de remielinização (recuperação) dos danos provocados pela esclerose múltipla.
UC - Rui Marques Simões