Experiência STRATOSPOLCA a caminho do espaço
Depois de um longo processo de preparação e testes, está tudo a postos para a experiência científica STRATOSPOLCA seguir para o espaço no balão BEXUS 31 da Agência Espacial Europeia (ESA).
O projeto, que será lançado entre os próximos dias 27 de setembro e 1 de outubro, a partir das instalações do Esrange Space Center, em Kiruna, no norte da Suécia, é da autoria de um grupo de estudantes da Secção de Astronomia, Astrofísica e Astronáutica da Universidade de Coimbra (UC), sob orientação de Rui Curado Silva, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e investigador do LIP - Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, e com o apoio de outros investigadores e técnicos do LIP, da Universidade da Beira Interior (UBI) e da Universidade de Aveiro (UA).
Esta experiência científica, que foi selecionada, em 2019, pelo programa REXUS/BEXUS (Rocket/Balloon Experiments for University Students) da ESA, pretende medir a radiação de fundo no comprimento de onda dos raios gama.
«Imaginemos um rádio dos antigos que, se não estiver na frequência certa, produz aquele ruído de fundo tão conhecido. Mas, para saber qual é o canal da música, necessitamos de saber o que é o ruído. Na nossa experiência fazemos isso mesmo: medimos a radiação de fundo nos raios gama, o ruído, para que consigamos “ouvir a música” que vem de corpos celestes longínquos», ilustra o porta-voz da equipa de estudantes da UC, Henrique Neves.
Para garantir que o sistema desenvolvido pelos estudantes reunia todas as condições para o lançamento, em agosto decorreu nos laboratórios do LIP, na Universidade de Coimbra, o “Experiment Acceptance Review” do projeto STRATOSPOLCA, com a presença de Armelle Frenea-Schmidt, engenheira do programa BEXUS da ESA, que deu o aval para a experiência seguir para o espaço.
Em seguida, a equipa realizou os testes finais, garantindo «que os sinais produzidos pelo detetor de radiação eram corretamente transmitidos através dos vários andares do sistema eletrónico, até ao interface de registo e análise de dados», explica o docente e investigador da FCTUC, Rui Curado Silva.
Os resultados das medições efetuadas pela STRATOSPOLCA, aponta o docente, «contribuirão para melhorar a sensibilidade dos futuros telescópios que observam o céu no comprimento de onda gama. Neste comprimento de onda, o céu revela-nos os fenómenos mais energéticos e cataclísmicos do Universo, como supernovas, pulsares, o centro das galáxias ou o colapso de estrelas, em particular esperam-se medir novos surtos de raios gama associados à deteção de ondas gravitacionais, contribuindo para a nova área da astronomia multi-mensageira».